Após uma difícil escolha e uma grande reflexão, a nossa equipa decidiu que o assunto a tratar na Wikipédia seria: A Biografia de António Ferreira Lopes. Depois de uma pesquisa verificamos que não existia nada sobre esta grande figura da Póvoa de Lanhoso, uma vez que fez grandes feitos por esta terra o grupo achou de valor tratar deste assunto.
b) Publicação do artigo na Wikipédia.
António Ferreira Lopes
Biografia
António Ferreira Lopes |
António Ferreira Lopes nasceu no
lugar de Oliveira da freguesia de Fontarcada, concelho da Póvoa de Lanhoso, no
dia 14 de Abril de 1845. Era filho natural de Maria da Purificação Fernandes,
uma jovem de apenas 18 anos, que só três anos depois do nascimento deste filho
viria a casar José Joaquim Lopes, pai do pequeno António. José Joaquim Lopes era
de Calvos. Após o casamento com Maria da Purificação, o casal teve vários
outros filhos. Aos 12 anos de idade, António Lopes, a exemplo de muitos outros
jovens portugueses que, no seu próprio país, tinham a vida dificultada pela
péssima situação político-económica que então se vivia em Portugal, partiu para
o Rio de Janeiro, cidade capital do recém-independente Império do Brasil, que
vivia então um período de grande crescimento económico e que tinha as suas
fronteiras abertas à emigração, fruto das primeiras ameaças do fim da
escravatura. Ali chegado, empregou-se como marçano num estabelecimento de venda
de cereais, onde se manteve até aos 19 anos. Nessa casa comercial que aprendeu
todos os segredos da sua profissão, experiência que consigo transportaria para
um outro “negócio” do mesmo ramo onde, ainda como empregado, trabalhou até aos
25 anos de idade. Foi neste estabelecimento que, usando de alguma autonomia que
os negócios nessa altura permitiam, começou a ganhar dinheiro. De tal forma,
que pelos 25 anos decidiu mudar o seu nome de baptismo (era António Emílio
Lopes) para António Ferreira Lopes, “para não ser confundido” nas casas
bancárias com outro homem de negócios que ali vivia, com o mesmo nome. Este
pormenor, que à primeira vista poderia passar despercebido mas que o
“brasileiro” das Casas Novas fará questão de vincar, muitos anos depois, ao
fazer o seu testamento, mostra-nos que António Ferreira Lopes era já, aos 25
anos de idade, um comerciante com considerável nome na praça do Rio de Janeiro.
É, pois, pelos 25 anos e já com algum estatuto, que se associa, como
interessado à “Câmara & Gomes”, um grande estabelecimento comercial que
dava então os seus primeiros passos e que tinha como sócio principal um outro
emigrante português natural da Ilha da Madeira: Manoel de Pontes Câmara de seu
nome, um rico comerciante da cidade. António Lopes começava naquela empresa uma
vida ainda de maior êxito, pois os negócios da “Câmara & Gomes”, da qual
agora era sócio, estendiam-se dos couros aos cereais, ao açúcar e aos cafés,
especialmente a estes, que exportavam para toda a Europa.mA par do comércio,
encontra-se envolvida em negócios de empréstimos de capital a juros. Alguns
meses depois de se ter feito sócio de Manuel de Pontes Câmara, viria a
conhecer, na casa deste seu sócio, Elvira de Pontes Câmara, filha do emigrante
madeirense, com quem iniciou um namoro. Em 1875, António Lopes vem a casar com
Elvira de Pontes Câmara: ela tinha 18 anos, ele 29. Nos anos seguintes, fruto
de um trabalho empenhado e bafejado pelo calor da sorte, avoluma-se mais ainda
a fortuna do emigrante povoense.
António Ferreira Lopes na Póvoa de Lanhoso
Póvoa de Lanhoso |
Em finais da década de 1880, decide
regressar definitivamente a Portugal, junto com a esposa, traz consigo uma
monumental fortuna. Passa a ter casa em Lisboa e na Póvoa de Lanhoso, onde para
sua residência manda construir o belo Palacete das Casas Novas. Sem filhos, o
casal dedica-se à benemerência. Dona Elvira, é, na Póvoa de Lanhoso a “santa
mãe” dos desfavorecidos da sorte, das mães solteiras, das crianças a quem a
fome e o frio consomem. As portas do palacete das Casas Novas, quando o casal
cá se encontra em férias, abre as suas portas a Bispos e a Ministros, mas
abre-as da mesma forma aos pobres que ali procuram um pedaço de pão para
atenuar a fome ou uma peça de roupa para se agasalharem do frio. Dona Elvira é
a protectora dos pobres, mas conta sempre, em todas as situações, com o apoio
do marido. Em 1904 é António Lopes manda construir no Largo de Serpa Pinto uma
casa de espectáculos, Theatro Club, que passa a ser sede de sociabilidade
povoense, com as portas abertas aos mais ricos e aos mais pobres. No
rés-do-chão do mesmo edifício, manda instalar uma Corporação de Bombeiros, que
funda e também sustenta. Entre 1900 e 1927, data da sua morte, António Ferreira
Lopes faz muitas outras obras na terra, da abertura de estradas à doação de
terrenos para espaços públicos, do arranjo de jardins à construção do primeiro
bairro social que a terra teve. A sua obra maior foi, contudo, o hospital que
construiu e inaugurou em 1917, e destinou a doentes pobres do seu concelho.
Entre 1917 e 1927 (ano da sua morte), este hospital seria mantindo
exclusivamente por António Lopes, que do seu bolso, desde os ordenados de
médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar, à instalação da mais moderna
aparelhagem que à época se usava em hospitais da mesma dimensão. Quando
faleceu, em 22 de Dezembro de 1927, no seu Lisboa, António Ferreira Lopes
deixou em testamento o hospital aos povoenses, e dinheiro ou títulos da dívida
pública, não só para a manutenção da casa de saúde, como para a construção de
um novo edifício dos Paços do Concelho, de uma nova escola primária para
crianças dos dois sexos e para a abertura de novas estradas. No longo
testamento, não esqueceu a família e os amigos. E nem os seus mais fiéis
servidores, do barbeiro à engomadeira, da cozinheira às empregadas de limpeza,
esqueceu de deixar bem. Na década de 1910, o município atribuiu o seu nome ao
Largo onde morava e onde possuía o seu palacete. Na década de 1920, uma
comissão de povoenses erigiu no centro do mesmo largo um memorial em sua honra.
Na década de 1930, e já após a sua morte, Arlindo António Lopes, seu sobrinho e
herdeiro, e Álvaro Ferreira Guimarães, seu grande amigo, pagaram do seu bolso o
busto que se encontra à entrada do hospital que tem o seu nome. Outras
homenagens lhe foram fazendo ao longo das últimas oito décadas. Mas o mais
importante, em nossa opinião, é que passadas mais de oito décadas do seu
desaparecimento do mundo dos vidos, os povoenses continuam a recordá-lo como o
seu mais importante concidadão.
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